quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A Redenção - Era do Caos



AVENTURA PRONTA PARA ERA DO CAOS RPG
Esta é uma aventura pronta em três partes para personagens Caídos. Estamos apresentando aqui as primeiras duas partes, a terceira será apresentada na atualização de Maio.
A Redenção? - Uma Aventura para Caídos / Era do Caos
Texto original: Gervásio da Silva Filho (Data) ; Thiago Vidal Raqui (Juca); Rodrigo Mota Narcizo; Adaptação: Márcio Lima; Revisão: Carlos Klimick
Introdução
Esta é uma aventura para Caídos, adequada para um grupo de 5 jogadores. A história se passa em três períodos diferentes. Começando na época do Profeta Isaías, tendo passagem no tempo em que Jesus Cristo ainda caminhava pelo mundo e terminando nos dias atuais (no período do Era do Caos). Os lugares onde a ela se passa são a Jerusalém antiga (nas duas primeiras partes) e o Brasil atual (descrito no Era do Caos). Os personagens podem ser de qualquer elemento, que não poderá ser alterado durante as três fases, e uma fraternidade, que pode variar a cada fase. Personagens Samaelitas só serão permitidos na terceira parte. Quanto a nacionalidade, a princípio os personagens são nativos do reino de Judá. Na época de Jesus, é possível escolher entre ser Hebreu (Judeu) ou Romano. Outras nacionalidades, dentro do contexto do cenário, podem também ser permitidas pelo mestre. Na terceira fase todos serão brasileiros.
Notas para o Mestre:
Esse é o panorama geral das irmandades no período que vai do inicio da primeira ao final da segunda parte:
* Errantes - são incomuns, não diferenciando muito dos dias atuais.
* Hedonistas - poucos, mas em quantidade relativamente crescente. São mais presentes em algumas culturas pagãs, especialmente na greco-romana. Chegam a um número razoável na Época de Jesus devido à boa fase do Império Romano.
* Hierofantes - relativamente numerosos, sob a forma de conselheiros, escribas e intelectuais da época cresceram junto com os reinos antigos. Dispõem de alguma influência política e social.
* Paladinos - igualmente numerosos, também evoluíram com os reinos antigos, mas como soldados, cavaleiros e militares da época. Também dispõem de influência política e social.
* Samaritanos - possuem um número razoável. São mais presentes na cultura hebraica.
* Juizes - na Época de Isaías eles ainda não existiam, começando a aparecer um pouco antes da Época de Jesus. Constituem uma irmandade recente, desconhecida para muitos e com poucos membros.
* Samaelitas - não existem nesse período de tempo.
As pessoas tanto na Época de Isaías quanto na de Jesus, possuem o Atributo Magia de Boa (+1), em alguns casos Ótima (+2). Os Níveis Mediano ( 0 ) e excelente (+3) são incomuns, Regular (-1) é raro e Fraco (-2) inexiste. Para armas e armaduras das fases 1 e 2, podem ser as usadas as descritas no zine 6 do "Quando os Dados Rolam", versão em papel, para o cenário de Hércules e Xena.
No inicio da primeira fase os personagens já se conhecem. É necessário que eles fiquem vivos durante essa parte, portanto só devem morrer em último caso e apenas como consequência de atitudes estúpidas. O Caído NPC só aparecerá novamente na Época de Jesus, sumindo da história na terceira parte.
No início da segunda fase os personagens devem ganhar as Características Vidas Passadas (2 pontos _ época de Isaías) e Código de Honra (2 pontos _ ajudarem-se mutuamente e não permitirem que um mate o outro). Qualquer teste ao usar o Poder Oráculo para encontrar Jesus será muito difícil (16 para cima). Se conseguir, não importando o nível do sucesso, só terá informações vagas. O Poder Sincronicidade terá falha automática se for usado para o mesmo fim.
No inicio da terceira fase os personagens devem ganhar as Características Vidas Passadas (5 pontos _ época de Jesus), Código de Honra (1 a 3 pontos, a critério do mestre _ ajudarem-se mutuamente e não permitirem que um mate o outro) e Obsessão (3 pontos _ encontrar qualquer informação da próxima vinda de Jesus). Caso um personagem tenha tornado se um Samaelita a última característica citada só será ganha por ele se o mestre achar interessante. Um Hedonista não a recebe.
1ª Fase - A Época de Isaias
Tudo começa no reino de Judá. O Império Assírio assolava a região do oriente médio subjugando várias nações pelo caminho. Uma fera que nesse momento ameaçava a soberania do Rei Ezequias. O clima nas terras de Jerusalém era tenso e já começavam a circular boatos de um grande exército assírio se aproximando. Os personagens tentam levar suas vidas com relativa normalidade, mas a rotina de todos é quebrada por um fato. Aqueles com o Poder Oráculo tem, durante noite anterior, a seguinte visão num sonho: Você se vê caminhando pelo campo, logo começam a surgir despojos de um exército dizimado aos seus pés e um brilho intenso paira sobre sua cabeça, algo de uma divindade grandiosa e familiar, um celestial flutuando no céu, com todo esplendor de suas asas naquele momento manchadas de sangue. Outro homem, sem armas ou armadura, surge no campo. O anjo desce suavemente ao chão e anda na direção dessa pessoa, ele lhe sussurra algo no ouvido e começa a brilhar cada vez mais forte até ofuscar tudo.
De manhã, (o Caído NPC) aparece a procura dos personagens. Quem vai receber sua visita antes de quem fica por sua conta. Ele pede aos outros Caídos que venham a sua casa ao anoitecer, pois quer tratar de um assunto muito sério de interesse geral. À noite, na casa dele, há uma recepção cordial com comida a vontade. Somente quando todos estiverem presentes o anfitrião revelará o motivo da reunião. Uma vez reunidos ele fala sobre a visão que teve durante o sono (citada anteriormente), pergunta se alguém mais teve o mesmo sonho e pede para ajudarem-no a interpretá-la. "Acredito ser um sinal de algo muito importante que está por vir"- declara. (Desse fato em diante deixe os jogadores livres para interpretar e interagir). A noite passa enquanto os personagens conversam e depois de algum tempo todos ficam muito cansados. Eles podem voltar para suas respectivas casas durante a madrugada ou, a convite do (o Caído NPC), dormir por lá mesmo, cada um decide o que faz.
No dia seguinte, de manhã, a cidade é surpreendida pela chegada do numeroso exército assírio. Um homem chamado Rabsaqué, emissário do Império, toma a dianteira das tropas e anuncia diante dos portões de Jerusalém a mensagem deixada pelo seu Rei: "Irei conquistá-los com grande facilidade, mesmo que queiram resistir. Se os deuses de outras nações não puderam salvá-las de mim, o único deus de vocês poderia ajudá-los?... Serei generoso e permitirei que tenham até amanhã para reconhecer sua derrota... Sanaqueribe, senhor do reino da Assíria." Após essa declaração o exército se retira na direção em que veio. A cidade entra em caos absoluto. Pessoas correm desnorteadas em busca de um "refúgio seguro". Muitos desesperados vão orar no templo, poucos, mais corajosos, tentam ajudar numa resistência armada junto aos soldados do reino, que por sua vez tentam restaurar a ordem em Jerusalém. Saques a tendas de comercio e casas ocorrem em todas as partes. Os personagens devem ser colocados nessa situação. Determine, com base no contexto mostrado acima, o que eles encontrarão pelo caminho.
Quando o caos que tomou a cidade cessou, já era noite. Em meio aos despojos do tumulto diurno, surgem rumores sobre um fato importante ocorrido no templo. Os personagens ficam sabendo por terceiros do seguinte: Isaías, conselheiro do Rei e servo do Senhor, recebeu duas revelações de Deus ao anoitecer, após o próprio Ezequias ter orado a tarde toda. Na primeira, Ele diz que o imperador assírio o tinha deixado irado e que mandaria um anjo eliminar aquele que ousa ir contra sua autoridade. Na segunda, Ele afirma que, no devido tempo, mandará seu filho, o Messias, para agir em favor do seu povo, contra o inimigo (?). Amanheceu novamente e o exército assírio não avançou contra a cidade. Entre os soldados corre o seguinte relato, vindo dos vigias que guardavam as muralhas: Durante a madrugada, sons de batalha podiam ser ouvidos ao longe e um brilho relativamente intenso, como fogo, era visível no horizonte. Algo, certamente, aconteceu no acampamento do exército assírio...(o que deve ser?). Dois batedores foram mandados até lá ainda cedo, voltando completamente assustados depois de algumas horas. Segundo eles, todo o exército inimigo estava morto! Era difícil de acreditar, alguns quiseram ir ver com os próprios olhos. A primeira parte da profecia se concretizou!
Todos os personagens se encontram "coincidentemente" durante as festividades, um tanto quanto improvisadas, pelo fim da ameaça assíria. (o Caído NPC), aparentemente já esperando por essa "surpresa", pede que todos o acompanhem até sua casa para uma conversa. Depois de todos se acomodarem na sala, ele senta em uma cadeira e fala, com uma expressão muito séria, o seguinte: "Creio que não haja mais dúvidas, Isaías era homem para quem, na visão, o anjo sussurrou algo. Ele profetizou dois eventos, o primeiro, que também vi no sonho que tive, foi presenciado há pouco tempo por todos. Porém, foi o segundo evento previsto que se mostrou importante para nós. A existência e vinda de um descendente direto de Deus. Pode ser nossa chave para o perdão junto ao criador. Infelizmente, não temos como saber quando ele virá, a própria profecia é muito vaga nesse aspecto. Ainda sim essa é, certamente, a chance mais concreta que temos de redenção até os dias de hoje...Eu quero descobrir quando o Messias virá! Estar diante dele e expressar toda vergonha que sinto por ter me eximido...Quando precisaram de mim... Mesmo tendo ideologias diferentes, sei que o nosso objetivo é o mesmo. Estariam dispostos a participar dessa busca?" (Caso alguém resolva ser "do contra" e se recuse participar do pacto que dará origem ao círculo, a aventura acaba aqui para ele. Uma vez selado o acordo entre os personagens, é o fim da primeira parte).
O círculo maior
Criado por um grupo de Caídos hebreus, após a profecia de Isaías. O círculo maior tem como objetivo conseguir informações precisas sobre a vinda do filho de Deus. Eles têm a esperança de que por meio dele possam conseguir a redenção, quebrando o ciclo de reencarnações e restaurando suas moradas junto ao Criador. No princípio eles se empenharam em pesquisar todos os relatos existentes, transcrevendo os confiáveis. Depois passaram a buscar acesso aos templos e governos onde, para aprofundar suas investigações, encontravam se os acervos literários da época. Uma vez reunido todo conhecimento útil disponível na região decidiram expandir sua busca e a chegada do Império Romano foi um evento altamente favorável para isso. A rede de comercio que ele trouxe pôde facilitar, em muitos casos viabilizar, o acesso a lugares mais distantes. Nesses anos de procura muitos "irmãos decaídos" juntaram se aos primeiros. A difusão do conceito criado por aqueles caídos hebreus tornou se muito maior do que podia se imaginar. Na época de Jesus, a área de influência do círculo se estende praticamente por toda parte oriental do Império Romano. Sua administração está dividida em quatro pontos: Alexandria (Egito), Jerusalém (Judéia), Atenas (Grécia) e Roma. Hierofantes e Paladinos são as irmandades de maior destaque na organização, devido à quantidade de membros e ao grande poder político e social que têm, junto às culturas desse período. Errantes e Samaritanos também podem ser encontrados, embora em considerável minoria. Juizes e Hedonistas não estão presentes, pois não se identificam com o propósito do círculo.
2ª Fase - A Época de Cristo
650 anos se passaram desde a profecia de Isaías e a formação do círculo maior. A Jerusalém que pôde salvar-se da "fera" assíria não teve a mesma sorte contra a "águia" romana. Seu povo estava novamente subjugado. Os membros fundadores já tinham renascido em outras vidas e estavam novamente prontos para prosseguir na busca que iniciaram há quase sete séculos atrás. Mas agora, ao contrario daquela época, eles tinham a ajuda de muitos outros "irmãos decaídos" com o mesmo fim. O círculo cresceu muito mais do que um dia imaginaram.
Nasce o Messias
No reinado do Imperador Augusto (27 a.C. - 14 d.C.), após o 33º ano de governo, foi decretado que todos no império voltassem as suas cidades natais para se registrarem. Na cidade de Belém, durante esse período, ocorreu um fato incomum. Uma estrela de brilho intenso ficou sobre a cidade por vários dias, chamando a atenção do círculo na região. Enquanto pesquisavam esse evento, os membros do círculo local ficaram sabendo, por meio de contatos, da vinda de três estrangeiros do leste à cidade. Pareciam ricos, instruídos e carregavam uma série de objetos estranhos. A coisa mais esquisita ligada à passagem deles foi o fato de terem feito questão de passar a noite junto a um jovem casal e seu filho recém nascido, provisoriamente acomodados no estábulo de uma estalagem. Essa seria apenas uma história pitoresca se novos fatos não viessem a tona no dia seguinte. A estrela some do céu. Ainda intrigados com essa reviravolta, os membros do círculo local recebem relatos datados da noite anterior. Em outra parte da cidade, houve a aparição de um anjo para pastores de ovelhas. Ele falou que o filho de Deus nasceu em Belém e seria encontrado envolto em panos numa manjedoura. "Vão adorá-lo!" Exclamou antes de desaparecer.
Uma associação rápida dos fatos foi de onde surgiu o argumento para empreender a busca. Primeiro pelos três estrangeiros do leste que, após visitarem o palácio do Rei, voltaram as suas terras, fugindo ao alcance da organização. Depois pelo casal que passou a noite naquela estalagem e já havia deixado a cidade. Esse foi o inicio de uma procura que durou cerca de seis meses e se estendeu por toda Judéia, até os limites do círculo local. Também nesse período, crianças começaram a ser brutalmente assassinadas em todo o reino. Bandos de homens, com os rostos cobertos invadiam as cidades e promoviam a matança. Herodes Agripa I, Rei da Judéia, culpou os Zelotes por isso e prometeu tomar providências, que na prática mostraram se quase inexistentes. Boatos circulavam acusando-o de estar envolvido e até mesmo ter ordenado esse assassinato em massa. Ao final desse tempo, o círculo local de Jerusalém pediu ajuda a seus irmãos de Atenas, Roma e Alexandria. Porém, os argumentos apresentados não foram considerados, por eles, suficientes para comprovar a veracidade da história. O apoio à busca fora da Judéia foi negado. A posição dos três outros círculos, somada ao cansaço dessa procura aparentemente infrutífera, desacreditou de vez a possibilidade do filho de Deus já estar entre os homens e, com exceção de poucos, todos esqueceram, com o tempo, dos fatos acontecidos em Belém, dos três sábios do leste e do jovem casal com seu filho recém-nascido. Cerca de 30 anos se passaram. Surgem rumores sobre um jovem pregador da cidade de Nazaré, na Galiléia. Dizem que sua palavra atrai multidões e que ele até mesmo é capaz de realizar curas e outros milagres. Seu nome é Jesus. O círculo local, curioso quanto às histórias contadas, decide investigá-lo. E enquanto todos priorizam suas investigações na vida atual deste nazareno, os crentes no acontecido em Belém encontram, no passado do mesmo, à resposta para uma antiga pergunta. A comparação de fatos levantados na época com informações sobre sua família identificam, aquele jovem casal do estábulo, de muito tempo atrás, como sendo seus "pais". Para quem acreditava que o filho de Deus já estava entre os homens, desde aquele dia em Belém, essa descoberta bastou para aceitar os rumores como verdadeiros. Esses caídos encontraram seu messias prometido.
E começa a busca
Mensagens são infiltradas na rede de comunicações do círculo. Os crentes na história da estrela, entre eles os personagens, são convocados para uma reunião em Jerusalém. Quem chega antes de quem fica por sua conta.
O local de encontro, na cidade, é a casa de Barak, próxima a Piscina de Siloé. É um lugar espaçoso, dotado de alguns luxos da antiguidade. Seu dono é um Hierofante, oculto sob uma vida de grande mercador. O casamento do primeiro "sobrinho" dele está sendo festejado no momento. Os personagens vão chegando durante as comemorações e se misturando a multidão de convidados. Barak está na festa, cumprimentando e conversando com terceiros. Conforme os Caídos jogadores forem aparecendo, ele vai até cada um deles, se apresenta, cumprimenta-o e, no final, diz o seguinte: "Vá até minha casa. Ao entrar você verá uma sala à sua direita, me aguarde lá. Ali poderemos tratar melhor de assuntos mais importantes." O cômodo tem dois bancos largos (quatro pessoas cada um), dispostos na forma de um "V", uma mesa pequena entre eles, algumas peças de arte e tapeçarias. Uma vez lá, deixe todos os personagens livres para interpretar e interagir enquanto (o Caído NPC) não vem. Peça um teste de Intuição de cada um, a dificuldade é Normal (11). O acerto determina que o personagem consegue, no meio da conversa, reconhecer os outros. Barak aparece depois de 10 minutos. Senta - se em um dos bancos, esboça um leve sorriso e fala: É bom revê-los depois de tanto tempo. Estão muito diferentes do que eram no passado. Aliás, nosso pequeno círculo também, ele cresceu muito mais do que poderíamos imaginar...Mas deixemos a nostalgia e outras coisas de lado, vamos falar agora de assuntos mais importantes. Com essas últimas palavras ele revela ser o último companheiro presente na agitação de 650 anos atrás, (o Caído NPC) da primeira parte: "Desde aquele dia no reino de Judá, a muitos anos atrás, estamos a procura de algo. Uma busca que nos levou a sair, correr meio mundo e erguer as bases do que se tornaria o círculo maior. Tudo ao custo do resto de nossas vidas passadas. Gerações depois, nossa mensagem cresceu, espalhou-se e trouxe esperança para muitos irmãos, que na nossa ausência continuaram a procura pelo Filho. Pudemos voltar e prosseguir tendo muito mais recursos que antes. Porém, de alguns anos para cá, nossa filosofia começou a fragmentar e nossos companheiros, que deveriam continuar caminhando juntos rumo a um objetivo comum, discutem entre si por causa de suas próprias visões pessoais. A razão de todos está obscurecida, as provas de que a segunda profecia se cumpriu são tão claras e mesmo assim ninguém quer acreditar, somente poucos enxergam a verdade. Eu nunca quis excluídos. Gostaria de poder restaurar a união perdida entre nossos irmãos, mas não há tempo. Visões antigas de algumas pessoas do círculo ha anos previnem sobre a pouca permanência do Filho na terra... Por isso não devemos perder nossas horas em outros objetivos menores. Uma vez com o Messias ao nosso lado todas as outras coisas serão possíveis, incluindo uma reunião com nossos irmãos aqui e no paraíso." Barak puxa um pergaminho que estava preso junto a sua cintura, logo em seguida, estendendo-o sobre a pequena mesa. É um mapa da região. "O Messias foi visto pela última vez ontem, indo para a cidade de Decápolis. A cavalo vocês terão menos dias de viagem e maiores chances de encontrá-lo durante o caminho, quem estiver sem montaria pode levar uma das minhas. Fiquem com meu mapa para guiá-los e também com algumas provisões, o suficiente para uma semana, procurem não demorar mais do que quatro dias. Ainda devo fechar alguns assuntos pendentes, acabaria atrasando a todos e por isso não irei acompanhá-los. Barak levanta- se da cadeira e vai até a porta, uma vez lá, chama um de seus escravos e fala alguma coisa com ele, que volta rapidamente para o interior da casa ao final da conversa. Mandei-o providenciar as provisões e outras coisas necessárias para a viagem de vocês, ele voltará para avisá-los quando tudo estiver pronto, esperem aqui enquanto isso. Dando um leve sorriso, ele fala: "Espero revê-los o mais breve possível."- e sai da sala. (Deixe os jogadores livres para interpretar nesse meio tempo.) Depois de dez minutos o escravo volta e anuncia que está tudo pronto. Os personagens já podem partir.
Contratempos
A viagem leva dois dias, tendo uma parada em Betânia para descansar os cavalos. Ao chegarem em Decápolis descobrem que Jesus deixou a cidade na tarde anterior, segundo moradores ele seguiu para o norte. Mais tempo se passa e eles ficam atrasados em relação ao Messias, chegando sempre depois dele já ter ido embora. Após o quarto dia de viagem os personagens acabam perdendo a pista para o próximo rumo.
A Volta a Jerusalém
Sem o paradeiro de Jesus não se tem muito o que fazer. Mais cedo ou mais tarde só sobrará uma alternativa, voltar para Jerusalém. Lembre-os, especialmente se insistirem em reencontrar o rastro do Messias, que há comida apenas para mais três dias. Ao passar desse prazo você fica livre para narrar como os personagens vão se arranjar.
Ao chegarem na cidade logo tomam conhecimento de rumores sobre a discussão entre um... jovem pregador nazareno e os Fariseus. Mais adiante, Barak os recebe em sua casa e fala, ainda surpreso e um pouco exaltado, sobre a aparição de Jesus na cidade: "Por Deus! Onde vocês estavam?! Vejo que a viagem não foi bem sucedida, pois o Messias APARECEU aqui em Jerusalém... Sozinho. Eu e mais outros dois irmãos, recém-chegados na cidade, tivemos que agir onde vocês fracassaram. Encontramos ele na festa dos tabernáculos, indo depois até para uma praça, perto da Porta dos Essênios. Era impossível aproximar-se dele tamanha a quantidade de seguidores. No meio da pregação, salvou uma adultera do apedrejamento pelas mãos de seguidores de Anás...Aquela cobra, tentou usar a mulher para desmoralizar o Filho. Os malditos Fariseus também ousaram conspirar e questioná-lo, em outro momento..." - Suspira... "Os dois irmãos seguiram a comitiva do Jesus quando esta rumava para Emaús... Fiquei, em parte, por causa de vocês, pois não desejo a redenção unicamente para mim... Não quero mais excluídos! Ele não iria querer. A cavalo podemos chegar ainda hoje aonde Jesus está." Barak e os personagens após alguns rápidos preparativos, como a troca de cavalos cansados, rumam para Emaús.
Guerrilha no Deserto
No meio da viagem os personagens são obrigados a parar numa vila da região e pegar um pouco d'água para os cavalos, fragilizados pelo calor anormal. O lugar, pelo que podem perceber, também serve de posto avançado de vigilância do Império Romano. Ele parece ter poucos soldados.
Deixe-os livres para interagir, não terá muito que se ver lá. Só depois de algum tempo, aproximadamente meia hora, quando os cavalos estiverem restabelecidos, os personagens poderão retomar o caminho para Emaús.
Enquanto preparam-se para sair da cidade, todos na vila são surpreendidos por um bando de cavaleiros vindo do noroeste. São os Zelotes.
Eles estão em maior número e facilmente eliminam os guardas que tentam resistir prontamente, depois passam a atacar os que tentam fugir desesperadamente. Ao mesmo tempo também vitimam a população local, por considera-los traidores do povo judeu.
Os personagens estão em meio à situação descrita. Caso ninguém tenha o poder Empatia, no mínimo nível Mestre, tentativas de diplomacia serão inúteis. Uma fuga é possível, mas na confusão há chance deles perderem seus cavalos. Faça um teste padrão, com 3d6, para cada jogador, a dificuldade é Difícil (16) e uma falha significa perda do cavalo. Lutar também é uma opção... Apesar da desvantagem numérica.
Se conseguirem sobreviver, Barak, sensibilizado, ficará mais um pouco e ajudará os outros sobreviventes da vila. Os personagens, nesse meio tempo, poderão fazer qualquer coisa que achem necessário, cuidar dos ferimentos, arrumar novas montarias, ajudar nos cuidados aos habitantes, etc... Depois de algumas horas, eles retomam a viagem para Emaús.


A Maior das Tentações
Enquanto os personagens seguem para a cidade, uma misteriosa tempestade de areia surge no horizonte e os atinge, ficando impossível seguir em frente. Os cavalos, sufocados e desprotegidos, não agüentam e desfalecem, derrubando todos no chão.
Minutos depois os ventos param. O céu está escuro como no amanhecer e apenas uma estrela é visível. Enquanto se levantam, notam um pedaço de tecido vermelho preso a uma rocha próxima Uma súbita corrente de ar joga-o para longe e quanto mais distante mais distorcida fica a imagem dele, que passa a ser "preenchida" por contornos femininos. Uma mulher de rara beleza então surge, vestida apenas em um grande véu escarlate. Ela vem ao encontro dos personagens e começa a falar: "...É triste ver meus irmãos numa busca tão inútil... Ainda querem confiar naquele que jogou vocês nessa miséria de vida? Esse tirano que nos castigou por agirmos segundo nossas próprias opiniões, enquanto aos homens, tão exaltados, Ele permite todos os direitos. Não existe justiça e sim a vontade de um Pai favorável ao filho mais novo. Uma criatura de barro, grotesca e imperfeita. Que respeita somente o poder, seja do dinheiro, da espada, da luxúria ou de qualquer outra coisa que se espelhe em seus ideais tortos. Ele tem tanto apego por esses seres que criou o Messias, para que pudesse aproximar- se da imagem de poder que eles adoram. O Filho não veio trazer a salvação e sim a submissão do homem. Vocês realmente acreditam que essa... marionete poderá restituir a graça perdida das nossas asas? Ainda pensam que nosso Pai nos acolherá novamente depois de ofendermos seu orgulho?
...Tenho uma proposta mais realista para vocês. Posso livra-los das encarnações que os mantém presos a essa miséria de vida, do peso de serem apenas uma sombra do que são originalmente..." Para quem não sabe este é Samael, que tem como objetivo seduzir os jogadores para o seu lado e atrapalhar os seus planos dos mesmo de encontrar Jesus. Se os jogadores não quiserem escutar Samael ele só diz uma coisa - Bem se vocês não querem ouvir voz da razão, é direito de vocês, mas vocês vão se arrepender - e logo depois aparece uma ventania muito forte que some de repente, mostrando os seus cavalos mortos com os pulmões cheios de areia.
O Fim da Busca ?

Após 3 meses de buscas, os jogadores perdem o rastro de Jesus devido a estes inúmeros incidentes. Quando eles chegam a Jericó, encontram o jovem Bartimeu, filho de Timeu, que afirma ter sido curado de sua cegueira de nascença por Jesus de Nazaré e ele informa que Jesus saiu em direção a Jerusalém ontem pela manhã. Com esta informação os jogadores decidem voltar a Jerusalém em toda a velocidade, forçando os cavalos ao máximo. (O Mestre pode ser criativo e criar mais alguns contra-tempos para os personagens. Por exemplo: soldados romanos a caça de zelotes podem retê-los por algum tempo para averiguações.) Os personagens finalmente chegam em Jerusalém na véspera da Páscoa Judaica. As comemorações já começaram. Ao encontrarem o líder do círculo (o Caído NPC), são informados por ele que alguns dias atrás Jesus entrou na cidade e foi saudado pela população. Logo depois Jesus fez uma limpeza no templo que estava com seu pátio repleto de vendedores de animais para o sacrifício, uma situação que o banalizava. Porém, essa atitude de Jesus tinha provocada a ira de algumas pessoas importantes em Jerusalém. Por isso o líder "sugere" que os jogadores procurem Jesus na cidade e o avisem do perigo. Um dos obstáculos para os personagens é Judas Iscariotes, um dos seguidores de Jesus que é um caído Juiz. ele trairá Jesus na expectativa de "forçar sua mão" para transformá-lo num messias guerreiro que expulsará os romanos. Judas fará de tudo para impedir que os personagens encontrem Jesus, mas só os confrontará diretamente em último caso, preferindo usar intermediários. Lembre-se que a morte dele está muito bem documentada e não deve ser decorrência das ações dos personagens.
(*Obs.: Se algum dos personagens for membro do Sinédrio saberá que este deseja encontrar um meio de acabar com Jesus.)
Quando eles estão procurando Jesus, um dos personagens recebe a informação (boatos no mercado ou passa pelo centro militar) de que um "profeta" chamado Jesus foi preso e condenado à crucificação ainda hoje. Cabe a este personagem avisar aos seus colegas, que estão espalhados pela cidade. Caso isso não seja possível, outro personagem receberá a mesma informação. Depois de algum tempo os personagens se encontram e vão procurar aonde está Jesus (Nota: nenhuma tentativa de encontrar Jesus com Poder Oráculo vai funcionar). Depois de muito procurar eles descobrem que uma multidão se reuniu para ver uma crucificação no Monte Calvário. Uma corrida desesperada os leva até o monte aonde Jesus foi crucificado. Mas, é tarde demais. Eles só conseguem ver o ultimo momento quando Jesus diz: "- Está consumado."
Os personagens ficam arrasados, sem nenhuma motivação. O líder do círculo também está pasmo, sem entender como isso pôde ter acontecido. Será que eles estavam errados? Será que Jesus era apenas um profeta e não o esperado Messias? No entanto, três dias após a crucificação de Jesus eles são informados sobre boatos que Jesus tinha ressuscitado. Com suas esperanças renovadas, o líder do Circulo manda-os procurar por Jesus por todos os lugares aonde ele foi visto. As buscas são longas e determinadas, porém infrutíferas. Novamente eles sempre chegam atrasados ou sofrem os mais imprevistos contratempos. É como se algo conspirasse contra eles. Os poderes "Oráculo" e "Sincronicidade" são novamente de pouca valia. Somente após quarenta dias de busca eles descobrem que há mais de 2000 pessoas reunidas no Monte das Oliveiras para ouvir a última mensagem de Jesus. Uma nova e desesperada corrida contra o tempo se inicia. Quando os personagens chegam ao Monte das Oliveiras, encontram Jesus falando as ultimas palavras para os seus discípulos e logo em seguida ele sobre aos céus. Neste momento muitas pessoas choram e suplicam que Jesus não vá. Dois homens (Celestiais) aparecem e falam para o povo: "- Porque vocês estão olhando para os céus, este Jesus que está ascendendo um dia retornará". Então um deles olha para os personagens e diz: "- Irmãos sua busca foi bem vista pelo Pai e vocês terão a sua recompensa, mas não hoje, em breve, é só esperar no Senhor" - Então ele desaparece na frente deles.

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